segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Verão

queria fazer tantas coisas mas meus membros não se movem

como as mãos de um velho concertista
o cérebro mandando impulsos químicos para os neuronios mandando impulsos nervosos para as mãos, os tímpanos vibrando com a melodia prestes a ser mas nunca ouvida

olho para as ferramentas penduradas, as peças inacabadas o jardim descuidado sob a fênix em chamas do verão

a febre goteja do meu rosto e deixa o cheiro de doença no colchão

preciso levantar e lavar a louça, preparar uma bebida quente, sair dessa cama

as gaivotas não param de gritar, as nuvens ficam lá longe, escondidas atrás da ilha, anunciando que prestes desabará um temporal. um temporal seria bem vindo, eu ouviria outro som além das gaivotas nervosas.
já faz tanto tempo que nem ouço o balanço das ondas... talvez eu devesse sair e ver como está a maré, já faz tanto tempo que nem sei que lua é.
a minha febre diminui, o delírio passa aos poucos e me deixa uma disposição pastosa e cansada, corpo cansado de lutar e se debater com a doença

Um comentário:

  1. mto bom! desesperador...

    gostei mto do segundo parágrafoestrofe.
    e da maneira como o interno se de-bate com o externo.

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