quarta-feira, 14 de setembro de 2011

a proximidade que nos mantém juntos

É... no fim, sempre foi você.
Eu gosto de você.
Essa coisa de ser mulher, de ter sempre um melhor amigo e um amor platônico nos braços, um sorriso escondido no canto da boca, e um segredo pendendo das várias pulseiras sempre complicou.
Essa coisa de ser homem, de ter sempre um sorriso escondido, uma idéia suspensa e conversar com os sons enquanto olha perdido - eu nunca entendi, sempre foi complicado.
Você me escuta.
Será que seria melhor estar enroladinha no seu colo brincando com seus cachinhos e com seu nariz desenhado em pena e nanquim?
Gosto da sua voz.
Tem dias que me perco tentando acompanhar o vazio que seus olhos olham. Que me perco tentando acompanhar o vazio que os sons produzem em seus rosto cheio de ângulos.
Eu gosto de estar perto de onde você está.
É você.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Batom e rosas

É... a vida é engraçada, ela me disse uma vez, "é estranho como a gente pode se apaixonar pela mesma pessoa várias vezes"- e eu olhava agora o batom que ela havia esquecido no meu carro.
Aquela história ainda ia longe...

Aqui, na estrada, eu sinto falta dela. Não que a estrada fosse nossa, não que fosse nossa do mesmo jeito, mas ela amava a estrada tanto quanto eu. Mas hoje não estou mais com ela.

As vezes eu abro aquela caixa encapada em papel quadriculado de azul e branco, e acho as fotos, os embrulhos de trufas, os cheiros, as cartas e as memórias tão apertadas... as viagens sem ela.

"Pro seu diário de viagens, escrevi um diário de saudades. Um dia eu te dou, talvez... se algum dia você quiser ler." Eu quero ler agora, eu quero ver agora o que você pensa.

Hoje é um dia que não posso telefonar para ela, hoje é um dia que eu não posso lembrar dela, e não posso ouvir as músicas que ela gostava, hoje é o dia que eu vou pra estrada.

Será que ela lembra o que eu lembro agora? Só lembro seu nome agora. Onde você foi?

domingo, 27 de março de 2011

wayward east havens

longo estupor causado pela dor, negação, agonia, desespero, abismo vê seu fim... a seca poeirenta recebe sua primeira leve chuva e prepara as sementes adormecidas para as monções.

o arco já curvado ao fogo dos anos preparado para o retesar do fio.

o invisível dos anos que nos costura e segura nossas células renovando-se ao longo da mesma frequência.

olho a porta, ela me olha, me conta que os ferrolhos não existem a maçaneta não arde em chamas o tapete de boas vindas recém colocado ressoa almíscar e absinto

quase vejo as flores brancas espalhadas prontas para enroscarem-se nos dedos dos pés ressecados da longa caminhada... o sal grosso incenso o vinho e o banho

olho para a porta percebendo que não lhe lembrava as cores, pronta para abraçar a minha temperatura

eu nada sei queria saber para brilhar seus olhos de interesse, mas eu ardo em sol, mais uma vez, envolta na luz que a estrada me deu... do core pulsante das estrelas

as sempre verdes bebendo do gotejar dos riachos prestes a desarolhar torrentes

agora que a areia me brilha na memória eu suponho entender porque o mar me parecia gelar o horizonte luzidio me empurrava a falar ainda não, agora eu posso segurar os que eu amo e falar vamos comigo, eu pareço tão feliz agora que a paz renovou minha pele e não vejo mais as cicatrizes que pareciam existir

o ruflar das velas sendo içadas gaivotas gritando da cidade da noite de verão todas as cidades são desse mar sem fim do fio que costura, podemos nos recolher ao reduto e todo o fio se desenrola de lá