domingo, 21 de junho de 2009

Give Me Love (Give Me Peace On Earth)

"Tudo pode acontecer.

Qualquer coisa.

Tudo muda o tempo todo.

E eu não quero a dor de pensar nisso."

Ela se enroscou nas barras do parapeito da escada. Apagou a luz. Queria vivenciar empiricamente a pressão da sombra. A tal da situação lúgubre ponto e vírgula ansiedade.

A pressão da sombra atua em sentido inverso nas diferentes espécies de almas. O homem, diante da noite, reconhece-se incompleto. Vê a obscuridade e sente a enfermidade. O céu negro é o homem cego. Entretanto, com a noite, o homem abate-se, ajoelha-se, prosterna-se, roja-se, arrasta-se para um buraco ou procura asas. Quase sempre quer fugir a essa presença informe do desconhecido.
Pergunta o que é; treme, curva-se, ignora; às vezes quer ir lá.

- Aonde? Lá? Que é que há lá?
Não sabia, queria, queria e iria. Sem futuros do subjuntivo. Ir. Sorrir. O sorriso de uma vida calma. Banhar-se em águas quentes e silenciosas, com todo o universo aberto a volta. Com a liberdade de tudo que é natural.

Não mais o gelo ventando no ventre como uma mão tentando arrancar a boca do estômago, não mais aquela tristeza medrosa que ela não conhecia direito. Não e não e não aos segundos arrastando-se como minutos vencidos.
Nada daquilo existia, era só um pouco de noite escura passada. A tristeza era feia e cheirava a bile. A espera era gelada e chorava para tentar imitar o silêncio.

Levantou a cabeça, criou asas. Inspirou toda aquela sombra e escuridão. Abertos os braços a porta se abriu.

Trying to, touch and reach you with,
heart and soul

Um comentário:

  1. gostei bastante... torci o nariz pro finalzinho em ingles, mas você pensa em inglês as vezes... eu sei...
    e sei como é bom ver na trevas, as luzes.
    bjo

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