terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma vez que não vou pra casa

De novo, pulsando, o desejo pelo mar. O ventre universal. Bom, universal em termos, afinal, era só talvez universal para os organismos da Terra, planeta.
Mas pulsava, e eram poucos minutos pra um pé na estrada e escorrer serra abaixo.
Poucos minutos não... uma eternidade... trocentos trezentos minutos.

Uma vez lar incogitável a possibilidade de outra viagem outra estrada a subida da serra até o momento que era inevitável e inadiável e logisticamente inviável estar ficar parar.

Pulsando o sonho pelo mar. Lá. Voltar para o lar.
Mas só tem lá pra mim, quando tiver lar lá pra mim.

Mar sempre vai ter.
Falta, falta faz mais que comida.
Mas vou ficar de jejum por esses dias, essa vez.

Mar sempre vai ter pra mim.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Terça-feira no DHb

Projetos 1 - Métodos Quantitativos em Análise Ambiental
"posso traçar reta para qualquer chuva de sal" - máxima de hoje, terça-feira, na aula de Profa. Dra. Andréa.
- o que foi isso? outra expressão tipicamente mineira?

domingo, 21 de junho de 2009

Give Me Love (Give Me Peace On Earth)

"Tudo pode acontecer.

Qualquer coisa.

Tudo muda o tempo todo.

E eu não quero a dor de pensar nisso."

Ela se enroscou nas barras do parapeito da escada. Apagou a luz. Queria vivenciar empiricamente a pressão da sombra. A tal da situação lúgubre ponto e vírgula ansiedade.

A pressão da sombra atua em sentido inverso nas diferentes espécies de almas. O homem, diante da noite, reconhece-se incompleto. Vê a obscuridade e sente a enfermidade. O céu negro é o homem cego. Entretanto, com a noite, o homem abate-se, ajoelha-se, prosterna-se, roja-se, arrasta-se para um buraco ou procura asas. Quase sempre quer fugir a essa presença informe do desconhecido.
Pergunta o que é; treme, curva-se, ignora; às vezes quer ir lá.

- Aonde? Lá? Que é que há lá?
Não sabia, queria, queria e iria. Sem futuros do subjuntivo. Ir. Sorrir. O sorriso de uma vida calma. Banhar-se em águas quentes e silenciosas, com todo o universo aberto a volta. Com a liberdade de tudo que é natural.

Não mais o gelo ventando no ventre como uma mão tentando arrancar a boca do estômago, não mais aquela tristeza medrosa que ela não conhecia direito. Não e não e não aos segundos arrastando-se como minutos vencidos.
Nada daquilo existia, era só um pouco de noite escura passada. A tristeza era feia e cheirava a bile. A espera era gelada e chorava para tentar imitar o silêncio.

Levantou a cabeça, criou asas. Inspirou toda aquela sombra e escuridão. Abertos os braços a porta se abriu.

Trying to, touch and reach you with,
heart and soul

quarta-feira, 17 de junho de 2009

óleo e estilete

cada canto
cada ponta
pe-da-ço

de imagem de cor clara cor pele de albrecht dürer

de vermelho de ocre e de terra queimada

reconheço

cada pedacin
nho

me irrita

reconheço
vejo de longe

belisca saber.

co-ça
machuca cutuca

incomoda reconhecer e saber.

ca da pe da ço de cor pe le albrecht dürer

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Desejos de outono

na verdade queria ter você hoje
nesse sábado a tarde (quieto) cheio de sol
chão morno sol quente, vento
................................................. corpos juntos
.
.
eu queria mesmo ter você agora
na manhã de domingo sonolenta
-- chão frio sol morno pele nua
.
.
a noite de outono, o vento açoitando
os vapores amores odores
a lâmpada acesa
.
.
.
abraço no sol
-- bei-
-jo
...?
...

(na cozinha)

As pessoas falam sozinhas
com as paredes com as janelas
as panelas

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Jelly bean

Dez horas da manhã centro da cidade dez graus centígrados dia dois de junho. Dia dois de junho e caçando uma alternativa ruas frias alternativamente vazias. Roupa? Vinho? O chá? A dor.
Tanta dor e frio. Frustração. Desânimo. Nomeei todos os parasitas.
Duas horas da tarde universidade federal doze graus centígrados. Os olhos ardendo não sei quantos graus de febre.
E da onde saiu essa febre?
Daquela prova entregue em branco para não insultar a insuficiência do professor com a incompetência do aluno?
Daquele dia azul sem chocolate e muita muita TPM.

Hoje não caio. Não caí. Sentei na calçada, tinha uma placa ao lado um ponto de ônibus uma mão solidária.
E daí já de pé observava os carros passando esperando o sinal abrir pra eu passar.
Passei, cheguei do outro lado da rua e o momento só já tinha passado também.
Lá na outra esquina, vestindo jeans azul intenso e blusa grafite desbotada.
E eu estava vestida de momento também.
(Todas as coisas passam, tudo passa, o segredo é passar sem deixar marcas profundas.)

Delicadas.
Outra terça feira que vai pro pote de vidro transparente.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mais uma terça-feira...

... na ponta de controle de crise.

Terça-feira dia de triste sol frio noite gelada sonolenta terça-feira noite de passeios na moto caminhadas janela fechada luz aceso-apagada.

O tanto que se torna um tanto um pouco maior que o tanto inicial.
E aquele olhar dourado ...
Mais um motivo.

E alguns elogios discretos.

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E ontem, dia de Sol do tanto que cresce.
E não para. E se demora.