segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Onda rasa

-- Vamo, levanta daí, vem logo.

E ele continuava estirado na rede, balançando preguiçosamente, queria saber onde, porque, num dava pra ser depois?

-- Não, num dá, vem logo, vem ver o mar comigo, vem logo.

...


-- Sabe, eu não entendo você, você é muito mística. Parece que tudo tem um significado pra você. Meu deus, ficar daquele jeito por conta de uma tempestade?

Meu bem, olha a neblina, num é linda, vem descendo a serra, tomando as ruas, não é demais? Se a gente for pra praia de novo, vai ver que ela está lá, rolando rolinhos em cima das ondas.

-- Mas como é que você consegue viver assim, acreditar assim, ver o mundo assim, como se tudo tivesse um outro significado, essa história do mar ser seu pai, do mar ser sua mãe...

Só sentir, sentir, ficar extasiada de tanto sentir... o mar é enorme, pulsa, duvido que você não sinta o pulso, não voe com o vento, não escorra com a chuva e não resplandeça com o sol, não sei como é possível não sentir.

...

Ele levantou botou os chinelos e eu já tava no portão, indo rua, de tijolos sextavados, tudo muito bonito. A areia assorriscava a perna, como é que ele não podia ver?
Sentir o cheiro de ozônio, as descargas elétricas pendentes, o céu alaranjando, as nuvens armando de trás da ilha.

Era um espetáculo que se formava, as ondas rebentando baixinho baixinho, mas rápido e forte. O vento carregado de gotas de água e sal, assoviando.
Ele segurou apertando a minha mão, jurava que não me entendia. Me joguei na água quente, que é que ele queria?

...

Depois, na rede, eu via a neblina descendo a serra. Nem sei se foi dia de Natal, ou véspera de Ano Novo, sei que foi lá pelos idos do solstício, na bainha do mar, no pé da serra.
É sempre gostoso poder escorrer com a chuva e sentir o açoite do vento. Mesmo que você não entenda, mesmo que você rejeite, você sente.



sábado, 26 de dezembro de 2009

Na cadeira

Sabe, tem aqueles dias que você tem um milhão de coisas pra fazer e o que você faz é sentar e se estressar com os pensamentos torturados que preocupam sua cabeça...
-- Pois é.
Sabe, eu ando no automático, é sábado, feriado, e é muito fácil perscrutar o tédio e dizer "ando muito cansada de tudo".
No fundo é só o sábado, o fim de semana, o feriado, nem sei se estou cansada mesmo e se é de tudo. Aposto que uma fagulha de aventura me faria pular da cadeira e ir pra qualquer lugar, pra praça, pro parque ou mesmo pra estrada. Mas é cedo, e essa fagulha não aparece.

O dia, a noite, o fim de semana, é [ruim] igual.
Agora.
O problema todo é que esse tédio vem de um sofrimento presente com uma futura cura, que supostamente .... enfim, o que eu to dizendo é que eu não to melhor que aquele bando de cristãos mesquinhos que dizem sofrer hoje pra viver no céu.

Bom, eu não vou viver no céu, só no meu canto, e to sofrendo agora... mas é que mesmo desejando e tendo o que fazer, não se pode fazer tudo, a toda hora.

Daí eu sento, ué. Sento mesmo, faço cara feia e detesto o som do vizinho assobiando no quintal preparando o churrasco de pós-natal.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Let it slide

you were laughing alone

é alguma surpresa não saber o que é certo?


may-be I should leave, let it slide

esses dias tem sido cheios de miséria, medo, traições, culpas, resquícios, remnants, lua minguante resíduos lixo

muito medo

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aquarium

waiting for my moment to come, I was
like I said...
could backpack in 2 minutes and don't miss a thing, be with you right now in that plane
dreams weren't wasted, I believe, just hold on, a couple of minutes I'll be right there with you

- I'm locking the door, hang on.

perhaps I should leave it open, but then it's too exposed
no, I don't know if I'll return, but you know I must

find me a summerhouse in the north, up north...
well, suffolk doesn't sound that bad

you know, if there is enough time and I am free from work this saturday I can get the ferry and visit you

sorry, I fell asleep in the late night train and went round again
round again round again

hope I don't miss my stop again

it's kinda boring stay here watching little gold fishes bubbling air behind the glass
I have a daughter, you know, she likes to tease the fishes by tapping at the glass.

Geografia X Biologia

excelso magnânimo Reclus, grande desenhista dos limiares do planeta - uma volta no tapete da sua revista agora ia bem
mergulharia nos seus mares de morro, diletíssimo Aziz
e até chegaria perto das suas teorias de floresta, de biomassa...

... mas che ga che ga
não me afogue meio aos macroinvertebrados bentônicos

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

quatro

me toca a quatro vozes e fala a quatro sons feito Canon em Ré de Pachelbel!