segunda-feira, 3 de maio de 2010

Considerações Quânticas

ele escrevia mais rápido para ver se passava.
as milhas que deviam voar.
os números quânticos e as teorias materialistas, tudo é palpável, físico.
entre uma e outra garrafa de cachaça ele havia construído a graduação, agora velho ele buscava morrer mais devagar, escrevia embebido em vinho tinto e caro - nunca lhe passou deixar o álcool.
mas o espelho não mente.
havia o peso dos anos. a memória lhe pesava... a memória lhe pesava imenso.

deitou-se no sofá e olhou para suas meias brancas furadas. depois de velho - independente - ele ainda usava meias brancas furadas. ele ainda gostava de massagem nos pés... embora nesse momento não havia quem fizesse.

ainda tinha aquela história do velho Planck,
estirou-se no sofá de couro preto detonado - coisa de república. fez lembrar da república velha, dos amigos com quem cozinhava, e claro, jntava as moedas para mais uma garrafa de pinga... um deles estava na França, já lecionava?, o graaaaan-de Augusto.... esse tinha deixado a esposa e filha no Goiás para estudar na Universidade de São Paulo....
e ele, agora, longe da namorada e de seu filho, menino dele também... fazendo o que mesmo?
O que é que estou fazendo aqui agora?